Empoderamento econômico: artesanato emancipa mulheres em Simões Filho

Empoderamento econômico: artesanato emancipa mulheres em Simões Filho

- EmPor Danielle Souza
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Por Danielle Souza

O público feminino compõe grande parte dos profissionais artesãos da cidade

 É considerado artesão todo indivíduo que produz peças manuais ou com auxílio de ferramentas. Só em Simões Filho, cidade da Região Metropolitana de Salvador, são cerca de 600 artesãos ativos, sendo que 90% deste segmento é composto por mulheres, segundo estimativa da Associação de Artesãos Arte da Gente. Esse setor movimenta mais de R$ 50 bilhões de reais anualmente no Brasil, o equivalente a 50 vezes o valor liberado pelo governo brasileiro para a formação de novos professores em 2018.

Patrícia Góes, 38, vive do artesanato há mais de dez anos, sendo esta a sua única fonte de renda. Seu produto principal é a boneca de pano e foi através do trabalho manual que a artesã conquistou a sua independência financeira. “A minha história com o artesanato começou muito cedo e não foi fácil, mas hoje eu me sinto realizada e independente. As bonecas de pano lembram a infância de muitas clientes e por isso sempre tenho vendas”, disse. Entretanto, Patrícia chama atenção para a falta de valorização do ofício. “Faltam maiores incentivos do governo e às vezes do próprio artesão que não acredita nem valoriza o seu trabalho devido à baixa autoestima e falta de capacitação”.

Desde 2015 os artesãos brasileiros são regulamentados pela Lei do Artesão (13.180/2015) que estabelece diretrizes para as políticas públicas de fomento à profissão. Em março deste ano a Secretaria Estadual de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte – SETRE da Bahia lançou um edital de R$ 5 milhões em investimentos para qualificar artesãos baianos.

Segundo pesquisa realizada pelo Data Sebrae em 2013, três em cada cinco artesãos ainda não possuem CNPJ, ou seja, são considerados trabalhadores informais. Atualmente, os artesãos de Simões Filho recebem o apoio do Sebrae e da Secretaria de Desenvolvimento Econômico – SEDEC do município, a fim de desenvolverem suas habilidades empreendedoras.

Para Samara Sodré, coordenadora de turismo da SEDEC, o artesanato é uma identidade da cidade e esse conceito tem sido intensificado pela gestão pública. “Temos incentivado o cadastro dos artesãos e apoiado as associações nas feiras e eventos do município, dando espaço para que exponham e vendam seus trabalhos. Além disso, periodicamente, promovemos palestras junto ao Sebrae capacitando os profissionais a formar preços, preparar vitrine, criar identidade para suas peças, etc. Nosso objetivo é incentivar a formalização desses artesãos para que passem a pagar seu INSS como Microempreendedor Individual – MEI, tendo a possibilidade de aposentadoria com esta atividade”, declarou a coordenadora.

Cristiane Fontoura, 47, faz parte dos 7% de artesãos que exportam suas peças para outros países (Data Sebrae 2013). Vivendo somente do artesanato há mais de 18 anos, a profissional confecciona peças à base de tricô e crochê, como cachecóis, gorros, boinas, blusas e bolsas. “Já exportei para países como Dinamarca, Inglaterra, Portugal, Islândia, Espanha, Argentina, Hungria, Itália, França, Bélgica, Croácia, Turquia, Holanda, República Tcheca, Eslováquia e França”, afirma a artesã, mostrando fotos dos clientes estrangeiros.

No Brasil, Cristiane já vendeu para os estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Alagoas, mas ressalta a falta de apreço que os brasileiros têm com o artesanato. “As pessoas precisam se conscientizar que o artesanato é um trabalho feito à mão e isso requer tempo. São peças exclusivas e que mostram a cultura do nosso país. Precisam valorizar o que vendemos”, declarou.

A renda mensal de um artesão varia de acordo com a produção e venda dos produtos. Tem profissionais que lucram um salário mínimo e outros em torno de três ou quatro vezes mais. Para que o artesão possa se formalizar e participar de feiras e eventos externos promovidos pelo município, é preciso comparecer à Casa do Empreendedor de Simões Filho, localizada na Praça 7 de novembro, s/n, na Secretaria de Desenvolvimento Econômico, e procurar o balcão de informações do Sebrae para receber as orientações necessárias.

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